Provar os vinhos mais representativos da safra é um privilégio anual (foto: Jeferson Soldi)

Um dos eventos mais extraordinários realizados no Brasil anualmente é a Avaliação Nacional de Vinhos. Pra quem curte vinhos como nós, é o paraíso:  imagine 1000 pessoas reunidas em um pavilhão, provando as amostras dos 16 vinhos mais representativos da safra. O blog esteve lá em 2016 e fomos convidados para a edição de 2017 mas… a data coincidia com o 2o. Encontro de Blogueiros de Viagens em Família, em Florianópolis. Descobrimos, então, que a jornalista Criz Azevedo iria, e ela topou escrever pro Vou Viajar sobre essa experiência:


Por Criz Azevedo (criz@crizazevedo.com)

Tão bom quando podemos falar com satisfação das coisas boas que o Brasil tem produzido. Sim, temos excelentes créditos em várias áreas. Uma delas é o vinho, que a cada safra tem aprimorado sua qualidade, ganhando o respeito e o reconhecimento merecidos.

Recentemente, participei da 25ª Avaliação Nacional de Vinhos, dia 23 de setembro, em Bento Gonçalves (RS), na companhia de cerca de 1.000 pessoas, entre enófilos, enólogos, sommeliers, produtores de uva e vinho, jornalistas. Trata-se de uma iniciativa promovida pela Associação Brasileira de Enologia (ABE), que bem poderia entrar para o Guinness Book, pois é considerada a maior degustação de vinhos de uma safra do mundo, e onde é possível ouvir os mais diversos sotaques falando a linguagem do vinho com entusiasmo contagiante – argentinos, canadenses, chilenos, japoneses, uruguaios, italianos e brasileiros de todas as latitudes.

A experiência é marcante pela oportunidade de vivenciar um momento muito aguardado pelo setor vitivinícola do Brasil: são servidas amostras mais representativas da safra. Em 2017, foram 16, de um total de 327 inscritas, provenientes de 59 vinícolas dos Estados da Bahia, Ceará, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e São Paulo, além do Distrito Federal.

A pré-seleção das 16 amostras foi feita em agosto por 118 enólogos, em uma degustação às cegas (provar um vinho sem saber qual é), para depois serem servidas para o grande público no dia 23 de setembro.

Para se ter uma ideia da dimensão do evento, a composição da mesa principal é formada por nomes de referência no mundo do vinho, vindos da Argentina, Japão, Itália e Brasil. Além disso, tem o prestígio da imprensa nacional e internacional, autoridades e nomes representando entidades apoiadoras degustando junto.

O serviço do vinho, muito bem orquestrado, ficou a cargo de 105 alunos dos cursos de Viticultura e Enologia do IFRS – Campus Bento, IFSC – Campus Urupema e Unipampa. E é bonito vê-los entrando no grande salão em fileiras empunhando as garrafas sem rótulo. Sim, nós também degustamos sem saber quais “marcas” estavam sendo servidas. E essa é parte mais interessante da dinâmica.

Em paralelo, para cada amostra, um comentarista da mesa principal descreve suas percepções sobre o que sente sobre aquele vinho para o grande público e dá sua nota. Expressões como “retrogosto”, “potência”, “intensidade”, “persistência”, usadas pelos avaliadores, realçam características que ajudam a definir um vinho. Para quem é apaixonado por esse universo, vale a pena assistir e tentar identificar as sutilezas da bebida.

As 16 amostras foram servidas por mais de 100 estudantes de enologia e viticultura (foto: Criz Azevedo)

O público aprecia junto e segue seu critério individual, considerando as análises visual, olfativa e gustativa, votando via aplicativo para smartphone. Na sequência, são divulgadas notas parciais e a geral, e o evento culmina com a revelação das estruturas de cada amostra e suas respectivas vinícolas produtoras. Nesta edição, as selecionadas na Avaliação Nacional de Vinhos foram Chandon, Casa Valduga, Domno do Brasil, Cooperativa Vinícola Aurora, Almadén, Cave de Pedra, Fazenda Santa Rita, Cooperativa Vinícola São João, Salton, Luiz Argenta, Casa Perini, Miolo Wine Group, Giacomin, Almaúnica, Guatambu e Don Guerino.

Os reconhecimentos também se deram àqueles que ajudam a promover e valorizar o vinho nacional, homenageados com o Troféu Vitis, como a sommelier e editora da revista Bom Vivant Andréia Debon, com o Amigo do Vinho, e o Destaque Enológico para Maria Regina Farreto Flores, diretora técnica da LNF Latino Americana, a quem tive a oportunidade de conhecer na época que estudei Hotelaria na Escola Castelli, ensinando os alunos sobre a arte de saber apreciar o vinho e seu contexto.

Para celebrar os 25 anos e a importância desta ação da ABE, não poderia faltar um brinde com espumante nacional (cada vez melhor), seguido de um almoço para todos os presentes, em ótimas conversas que somente o vinho poderia proporcionar.
Até a próxima safra!

Agradecimentos especiais:
Lucinara Masiero, jornalista da ConceitoCom Brasil
Luciane Aquino, da plataforma Vou Viajar

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Luciane Aquino

Militante da economia digital, jornalista, viajadora, curiosa, leitora, tricoteira.

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