Quando o verão chega, é fácil pensar em Florianópolis como um destino para curtir o calor. Com natureza exuberante, gente alegre, baladas e 43 praias para todos os perfis de veranistas, a capital de Santa Catarina é uma escolha perfeita para quem precisa meter o pé na areia e esquecer das agruras da neurose urbana.
O que pouca gente sabe é que Florianópolis também é um lugar para comer bem, manter contato com a natureza, apreciar arquitetura e até aprender um pouco sobre bruxaria. Ou você acha que o apelido de Ilha da Magia surgiu à toa?
Roteiro de Floripa nas quatro estações
Gastronomia em Floripa
Quem ama comer precisa ir à capital catarinense, que é uma das Cidades Unesco da Gastronomia. Responsável por 95% da produção de ostras do Brasil, Floripa é obrigatória para quem curte frutos do mar. Comece seu passeio visitando as fazendas de ostras em Santo Antônio de Lisboa ou Ribeirão da Ilha, que são os principais pontos de produção. Em seguida, entregue-se a uma sequencia de ostras nos restaurantes das duas localidades, que oferecem desde o produto cru e fresquíssimo até gratinados e refogados de todas as cores e sabores. Um dos mais famosos é o charmoso Ostradamus, em Ribeirão da Ilha, que fica num trapiche sobre a água.

Se você optar por Santo Antonio de Lisboa, programe-se para o fim da tarde e aprecie o por do sol, que é lindo no local. Vários estabelecimentos têm terraços debruçados sobre o mar, perfeitos para degustar as ostras acompanhadas de um bom espumante das serras catarinense ou gaúcha, que ficam ali pertinho.

Outro programa imperdível, principalmente com crianças, é conferir as sequencias de camarão na Costa da Lagoa. A experiência começa já no transporte: para chegar lá, você precisa pegar um barco no centrinho da Lagoa da Conceição ou no terminal do Parque Ecológico do Rio Vermelho. Em poucos minutos você chega na aldeia de pescadores que hoje vive basicamente de comercializar o camarão que, antes da poluição, era pescado ali mesmo.
Escolha o restaurante que mais lhe agradar (eles são todos bem parecidos, com atendimento caseiro e ambiente rústico) e se esbalde. A sequencia tradicional tem camarão feito ao alho e óleo, à milanesa, ao bafo e usado como molho de peixe, além dos acompanhamentos. A maioria dos restaurantes adapta pratos para crianças. Aproveite para relaxar, curta a linda paisagem, tome um chá, deixe os pequenos correndo por ali e programe-se para pegar o barco de volta. Prefira fazer esse programa até o meio da tarde, para aproveitar as melhores horas de sol.

À noite, é hora de voltar no barco conhecer os restaurantes e o agito do “centrinho” da Lagoa da Conceição. Ali estão algumas baladas legais, mas também bons restaurantes, como o Bistrô Santa Marta ou o Café Cultura.
Outro bar pitoresco para ser visitado é o Bar do Arante, em Pântano do Sul, na parte sul da ilha. Os pratos são os típicos da região: peixe frito, camarão, casquinha de siri. A grande atração é o ambiente, totalmente coberto por bilhetes que há anos são colados nas paredes e até no teto pelos visitantes. Todo mundo passa horas lendo as mensagens de turistas dos cinco continentes.
Cerveja artesanal – Santa Catarina também é um lugar que foi tomado pela febre da cerveja artesanal. Nenhuma surpresa, considerando que a região de Blumenau e arredores sempre manteve a cultura de origem alemã em dia, com famosas fábricas artesanais e a mais famosa Oktoberfest do Brasil. Em Floripa, portanto, você terá várias opções de bares especializados para visitar. Se não der muito tempo de andar pela ilha em busca das melhores cervejarias, faça uma parada no Beer Boss, logo na entrada do Mercado Municipal, no centro da cidade.
Arquitetura em Floripa
Florianópolis é antiga, muito antiga, e suas ruas foram testemunhas de muita história! A ilha foi colonizada no século XVI por imigrantes açorianos, que deixaram uma herança forte notada já no primeiro contato com o sotaque “manezinho”. Não sabe o que é? Pense nas entrevistas do campeoníssimo Guga. O “manezinho da ilha” é alegre, ri muito de si próprio e conta voluntariamente anedotas sobre as próprias expressões idiomáticas. Rapidinho você vai entender o que significa Briói, avião de rosca, boi ralado e jacaré de parede (respostas no final deste post, hehe).

Comece a sua visita histórica a Floripa com um passeio pelo centro da cidade e saiba um pouco da história da ilha, que foi fundada em 1675, com o nome de Nossa Senhora do Desterro. O ponto inicial é a praça 15 de Novembro, onde uma imensa figueira centenária se esparrama, protegendo os velhinhos com a sua sombra e alimentando superstições. Dizem que os namorados que derem três voltas na árvore no sentido anti-horário garantirão o casamento.

Dali, a visita se estende à Catedral Metropolitana, construída no século XVIII no local onde foi erguida a primeira capela da ilha, em 1675. O carrilhão das torres, adicionadas em 1922, tem cinco sinos – o maior conjunto da América do Sul. Quase ao lado, o Museu Cruz e Souza fica no Palácio Rosado, construindo em 1750 e que foi residência dos governadores da Província. O acervo é menos entusiasmante que o prédio, que tem pisos incríveis de madeira e cerâmica, e lindíssimas aberturas de madeira. Do outro lado da praça, está a Casa de Câmara e Cadeia, de 1771, onde funcionou, no térreo, a cadeia pública.


Dali, rume para o Mercado Público, que fica pertinho. Vá pela rua principal, mas não esqueça de olhar para cima: as fachadas comerciais de gosto duvidoso que ficam ao nível da rua ofuscam verdadeiras preciosidades arquitetônicas que se mantém, teimosas, nos andares de cima. Pare no caminho para tomar um cafe no balcão do Senadinho, um patrimônio da cidade onde várias gerações discutiram política e futebol ali mesmo, na calçada. Se você for do tipo expansivo, puxe papo com um dos veteranos que certamente estarão por ali, loucos para engrenar numa conversa.


O Mercado Público, construído no final do século XIX e restaurado após um incêndio em 2005, é o lugar ideal para uma happy hour. No seu vão central, dezenas de restaurantes servem frutos do mar e petiscos. No prédio em frente, na antiga Casa da Alfândega, também do século XIX, funciona uma feira do rico artesanato local. Prepare-se para se perder entre rendas açorianas e belas peças de cerâmica.
No fim do dia, termine sua experiência com a arquitetura açoriana em Santo Antonio de Lisboa, que tem um conjunto arquitetônico colonial preservadíssimo. O bairro fica a 15 quilômetros do centro, e é cheio de lojinhas de artesanato e restaurantes.

A Igreja de Nossa Senhora das Necessidades, lindíssima, foi construída em 1757. Bem na frente dela, uma pracinha muito bem conservada distrai a crianças sob o olhar do “adulto da vez” enquanto os demais batem perna.


Ali fica também a primeira rua calçada de Santa Catarina. São uns poucos metros que em 1845 receberam pavimentação rústica – a chamada pé-de-moleque – para a passagem de Dom Pedro II.
Trilhas ecológicas em Floripa
Um terço da ilha é composto de áreas de preservação ambiental, e Florianópolis tem várias trilhas bacanas que podem ser feitas com ou sem guia. A Agência EcoExperiências, que nos guiou em um passeio durante o 2o. Encontro de Blogueiros de Viagens em Família, em setembro de 2017, faz vários passeios que incluem mirantes, praias desertas e reservas como a do Projeto Lontra, a do Rio Vermelho, a resex marinha do Pirajubaé e o Projeto Tamar.
As trilhas para conferir a Lagoinha do Leste e a Ilha do Campeche também são famosas, e podem ser feitas de maneira independente. Mas informe-se bem antes de partir, seja prudente com os horários, carregue água e vá em grupo, como em qualquer trilha a ser feita em qualquer lugar do mundo.
Floripa com chuva
Quando chover, lance mão do velho truque da turistada de shopping/restaurante. Uma das opções é bater perna no tradicional shopping Beira-Mar, pertinho do centro e de muitos restaurantes bacanas. Se a dedicação às compras for mais séria, a cidade também oferece o Shopping Iguatemi, na junção das avenidas Beira-Mar Norte e Madre Benvenuta, e o Floripa Shopping, no Saco Grande.
As lendas da Ilha da Magia
Florianópolis sempre esteve associada ao fantástico. Com um extenso litoral, matas e montanhas, foi material perfeito para vários contos de feitiçaria e histórias de pescador, além das herdadas das diversas tribos indígenas que habitaram a ilha. Há lendas sobre luzes que vagam no mar, sobre a árvore onde ainda gemem os enforcados e até lobisomens, mas as bruxas são as grandes personagens da imaginação dos manezinhos. Dizem que elas roubavam as redes dos pescadores e trançavam os rabos dos cavalos, e ainda há gente que pede licença a elas antes de se mudar para Floripa.
Lendas ou não, as crianças adoraram quando a queridíssima guia da EcoExperiências, Jaqueline Vargas, pediu que identificassem o perfil de uma bruxa no mapa da ilha. Vocês também conseguem ver?

Mirantes de Floripa
Por último, não deixe Floripa sem ir em pelo menos um dos seus mirantes. O mais popular é o da Lagoa da Conceição, que fica no alto de uma bela estrada em zigue-zague e de onde se vê tanto a Lagoa, suas dunas e, ao longe, as praias da Mole e da Joaquina. Tem também o mirante do Morro da Cruz, com vista panorâmica da cidade, o do Morro das Pedras, no sul da Ilha, e o da Praia Mole, também com vista para as dunas e a Lagoa da Conceição.

Outra maneira bacana de apreciar Florianópolis é de barco. Um dos passeios mais populares, da Scuna Sul, sai da Beira-Mar Norte e, depois de brindar os turistas com uma lista vista da Ponte Hercílio Luz, visita as fortalezas das ilhas de Ratones e de Inhatomirim, com almoço em Celso Ramos.
Em resumo: há muito mais além de praia em Florianópolis!
O dialeto dos manezinhos da ilha
- Briói – é como os manezinhos chamam a BR-101, a estrada emblemática que atravessa todo o litoral catarinense e que é referência geográfica para tudo que fica depois da ponte Hercílio Luz.
- Jacaré de parede – lagartixa
- Avião de rosca – helicóptero
- Boi ralado – carne moída
- Visse? – Entendeu?
Leia nossos posts sobre a nossa hospedagem no Hotel Costa Norte, na Praia dos Ingleses, e no Il Campanario Resort, em Jurerê Internacional.
Leia os posts dos outros blogueiros participantes do Encontro em Florianópolis:
- Ases a Bordo
- Cariocando por Aí
- Felipe O Pequeno Viajante
- Malas e Panelas
- Vamos por aí
- Viagens que Sonhamos
- Viajar Hei
- Viajando por Aí
- Viajo com Filhos
- Trilhas e Cantos
O blog Vou Viajar não recebeu compensação financeira para publicar esse post. A nossa estadia de três dias em Florianópolis foi a convite do Convention Visitors Bureau da cidade, durante o 2o. Encontro de Blogueiros de Viagens em Família. As opiniões compartilhadas neste e nos demais posts relacionados com essa estadia são completamente baseadas na nossa experiência.